ESPIRITISMO E UNIVERSALISMO

O Espiritismo já é em suas bases doutrinárias universalista, pois considera todas as pessoas como iguais, todos são irmãos e filhos de um mesmo Deus independente de suas escolhas religiosas ou da falta de religião, de suas opiniões teológicas ou doutrinárias, bem como, pela realização desse ou daquele rito.

Para a Doutrina a “salvação” é acessível a todos os indivíduos, pois é unicamente pela reforma íntima, pela busca constante do melhoramento interior e pelo serviço em benefício do próximo que evoluímos para Deus e não pela filiação nessa ou naquela expressão de culto. 

Todavia, apesar do respeito e do diálogo com todos os credos e formas de pensar, o Espiritismo têm seu modo característico de expressar-se, suas terminologias, suas orientações de conduta fundamentadas no Evangelho de Cristo e metodologias próprias de trabalhar a mediunidade. 

Porém, muitos irmãos espiritualistas e até mesmo espíritas, não poucas vezes expressam o seu descontentamento com o Espiritismo, pelo fato das instituições que representam a Doutrina não assimilarem  os conceitos e as formas de expressão de outras escolas espiritualistas. Para muitos desses irmãos o Espiritismo deveria absorver toda e quaisquer novidades doutrinárias que surgem quase que diariamente no meio religioso espiritualista. Esses irmãos acreditam que o espiritismo parou no tempo e que deveria se atualizar.

Realmente, é preciso admitir que existem companheiros de ideal que se acomodam, não por culpa da doutrina, mas, devido às limitações individuais e até de determinados grupos. São questões difíceis, porém, que fazem parte da caminhada, até porque, na medida em que o Espiritismo cresce, muitos adeptos vão conformar-se com a rotina e outros vão buscar evoluir seus conhecimentos, fenômeno comum e observável em todas as crenças e vertentes religiosas quando começam a alcançar maior relevância numérica.  

Entretanto, apesar de respeitar a opinião desses nossos irmãos descontentes e por não estarem de alguma maneira errados de todo, é imprescindível considerar que o Espiritismo, conquanto seja uma religião evolutiva, não pode e nem deve estar aberto a toda ideia religiosa e a quaisquer inovações doutrinárias; a todo e qualquer conceito espiritualista que surgir ou abraçar ritos e formas de trabalho que se desenvolvem nos ambientes das mais diversas vertentes em que se divide o espiritualismo.

Uma atitude dessas traria muita confusão num ambiente religioso onde já é difícil manter a coesão doutrinária entre as instituições, principalmente quando surgem no próprio seio doutrinário ideias conflitantes que já causaram dissenções e separações. Até aí nenhuma novidade, pois o próprio Kardec já havia previsto que esses movimentos  dissidentes surgiriam, sociedades que partindo dos fundamentos da Doutrina Espírita dariam origem a outras religiões.  

O Espiritismo não quer e nem se propõe a ser o dono absoluto da verdade porém, muitos irmãos querem impor seus gostos e predileções, sem avaliações prévias, sem passarem pelo crivo do filtro, da opinião racional de companheiros esclarecidos e principalmente da espiritualidade, com a justificativa de que é preciso dar abertura a todas as concepções e dar liberdade de pensamento e expressão. Sem atentarem que toda liberdade requer também responsabilidade e que todos os nossos atos trazem consequências tanto individuais quanto coletivas.

Todavia, isso não impede que o espírita leia e estude princípios de outras doutrinas tendo sempre bom senso pois, como aconselhou o apóstolo Paulo é preciso ler e examinar de tudo e reter o que for bom (1 Tessalonicenses 5:21). Isto posto, é necessário ao adepto do Espiritismo, que almeja acrescentar informações e práticas novas ao seu cabedal de conhecimentos ou introduzir esses conceitos aos estudos doutrinários da instituição espírita que participa, filtrar esses conteúdos adaptando-os à simplicidade que a doutrina preconiza. Nem todos os ensinos disseminados nos círculos espiritualistas, principalmente na vertente denominada de universalista, estão de conformidade com os fundamentes básicos do espiritismo.

Enfim, a Doutrina Espírita não pode e nem consegue agradar a todos, sejam encarnados ou desencarnados, apesar da sua robustez filosófica, religiosa e científica[1]. O mais importante é que no seu caminhar doutrinário, ela desperte o interesse e leve o conhecimento sobre a vida futura, regenere os corações, ilumine os sentimentos e dissemine a caridade em todas as suas formas. Seguindo em frente na sua missão como o consolador prometido pelo Cristo Jesus.

Jefferson Moura de Lemos

[1] A codificação Kardequiana apesar de não ser reconhecido pela ciência oficial da atualidade, os fenômenos espirituais explicados pelo espiritismo foram estudados por renomados cientistas desde o final do século XIX. Utilizando as metodologias de suas respectivas  épocas, esses pesquisadores comprovaram a veracidade dos fenômenos e suas   pesquisas até impulsionaram  a criação de duas escolas de pensamento investigativo: A metapsíquica na Inglaterra e a Parapsicologia nos EUA. Esses estudos sérios podem ser acessados nas chamadas obras clássicas da Doutrina Espírita.     

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